Segunda, 06 de novembro de 2017

Comunicação e percepção social

Marco Antonio Castello Branco (*)



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"O setor precisa aprender a se comunicar com a sociedade"

“Se usarmos uma metáfora biológica, humana, a atividade mineral é igual aos neurônios de nosso cérebro. O que falta para ela ser reconhecida como indutor econômico e não apenas uma atividade extrativista são as sinapses – a capacidade de interligação da atividade mineral com outros setores produtivos.

É isso que gera o efeito multiplicador de geração e riqueza, melhores empregos. É natural e estrutural da mineração. E somente o governo, com seus mecanismos, tem de se preocupar com isso. É como fazer, por exemplo, que a agregação de valor ao bem mineral seja facilitado no país. Construir redes econômicas aos bens minerais iria permitir, com certeza, a melhor percepção da sociedade em relação à atividade de extração de minério.

Se fizermos uma comparação entre o setor agrícola, o agronegócio e o setor mineral, do ponto de vista de impacto ambiental, é difícil dizer que o mineral é maior. Pelo contrário. A percepção da população sobre o agronegócio é muito mais positiva e tolerante do que a extração mineral.

Minas Gerais está no cerne desse preconceito que a opinião pública tem contra a mineração. O setor precisa ter mecanismos de comunicação criativos e emotivos de chegar à população, assim como fez a agricultura brasileira. Precisa, enfim, aprender a se comunicar com a sociedade. Se você consegue mostrar os benefícios ao cidadão, seja ele morador de uma pequena localidade, de uma tribo indígena seja de uma comunidade quilombola até à classe média, você vai ter outro tipo de tratamento e resposta.

Esse caminho a ser percorrido é grande. Estamos vivendo turbulências institucionais que afetam também o processo regulatório e econômico. Por exemplo, as medidas provisórias que estão alterando a regulação mineral. Existem hoje dúvidas se elas vão ser aprovadas ou não, se vão caducar. Tudo isso gera muita insegurança. 

 

PAGANDO O PATO

Sobre a Renca, o que vi foi o setor mineral reclamando sobre como uma decisão que eles nem tinham tomado conhecimento afeta toda a percepção que a sociedade tem das empresas de mineração, mesmo se tratando de uma iniciativa isolada do próprio governo federal.

Chegamos a convidar especialistas canadenses para falar na Exposibram sobre licenciamento ambiental para a atividade mineral próxima ou de maneira complementar com a preservação de seus parques nacionais e reservas indígenas. Ou seja, se isso é possível fazer de maneira ordeira, parceira e transparente em quase todos os países do mundo, vide experiências consagradas também na Austrália e África do Sul, porque não aqui não podemos?

Esses países, como no Brasil, têm uma grande dependência da atividade mineral, sabem preservar e recuperar a natureza em volta de seus empreendimentos, com o conhecimento e participação da sociedade, formando opinião pública favorável.

Mas aqui onde vivemos, vide a gritaria liderada pela Gisele Bündchen, temos essa coisa da comunicação rasa e instantânea nas redes sociais. Todo mundo reage a tudo, a todo instante, sem profundidade, sem ter conhecimento de causa.”  

(*) Diretor-presidente da Codemig.

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