Terça, 02 de janeiro de 2018

Jornada mítica

Livro de imagens do escritor e ilustrador Manu Maltez mostra o exílio de um elefante em meio à natureza transfigurada pelo homem



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Livro de imagens do escritor e ilustrador Manu Maltez mostra o exílio de um elefante em meio à natureza transfigurada pelo homem

 

A palavra Cambaco significa, num dos dialetos mais falados em Moçambique, na África, “elefante velho, solitário, afastado da manada”. Essa é a metáfora explorada pelo premiado artista paulistano Manu Maltez em seu novo livro de imagens, no qual recria o trajeto de um elefante rumo ao seu derradeiro destino.

Em meio a paisagens devastadas e figuras mitológicas, o animal caminha alheio ao que ocorre em torno dele. Uma jornada mítica que provoca reflexões sobre o ciclo da vida, a memória, o fazer artístico e, fundamentalmente, sobre as consequências das ações das pessoas no meio ambiente e entre seus pares.

A África, com sua rica simbologia, é um dos eixos centrais da narrativa, destinada aos jovens, e que põe em cena questões existenciais, éticas e filosóficas sob a forma de desigualdades sociais, guerras e extinção animal.

As ilustrações, plenas de referências culturais, que alternam esboços e desenhos altamente elaborados, fazem uso de closes e combinam técnicas variadas, entre outros aspectos formais, acentuando a intensidade dramática da história.

A fusão do homem com o elefante, que resulta no personagem Cambaco, condensa vários sentidos, remetendo aos mitos de criação e aos seres mitológicos híbridos como o minotauro. Entre as inúmeras referências presentes na obra, de forma direta ou indireta, está ainda o poema “O elefante”, do mineiro Carlos Drummond de Andrade.

O livro “Cambaco” surgiu de um curta-metragem de animação criado por Maltez e é também nome de uma música feita pelo autor, em parceria com o compositor Vicente Barreto. A publicação traz ainda texto de apresentação assinado por Angela Lago, nome consagrado da literatura infantojuvenil.

Quem é ele?

Manu Maltez nasceu em São Paulo, em 1977. Artista polivalente, ele trabalha com diversas linguagens: artes visuais, música, texto e cinema. Tem vários livros publicados, entre eles a adaptação livre em imagens para o poema "O Corvo", de Edgar Allan Poe (Prêmio Jabuti de Ilustração 2011) e "Desequilibristas" (Prêmio FNLIJ Melhor Livro Jovem, 2015).

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