Segunda, 19 de fevereiro de 2018

O terapeuta D'Alma

Massagem de Carlos Alberto da Silva, o Carlinhos, vai além do corpo físico, acessando informações ocultas também nos nossos corpos energéticos e sutis



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Carlinhos: “O nosso corpo emocional também é fadado a buscar felicidade e bem-estar”. Foto: Sanakan Firmino

Carlinhos: “O nosso corpo emocional também é fadado a buscar felicidade e bem-estar”. Foto: Sanakan Firmino

“Quem espera que a vida/ seja feita de ilusão/ pode até ficar maluco/ ou morrer na solidão.” Foram estas as primeiras palavras que ouvi ao entrar no pequeno mas concorrido consultório do massagista Carlos Alberto da Silva, o Carlinhos, no bairro Carmo-Sion, em BH. E foi assim que este terapeuta corporal, 56 anos, leonino com ascendente em câncer, me deu as boas-vindas logo ao abrir a porta.  Cantando e dedilhando, ao violão, a alegre canção “É Preciso Saber Viver”, de Roberto e Erasmo Carlos. Um bálsamo para a alma.

A partir dali, nada mais seria como antes. A voz firme, as palavras assertivas, o bom humor e o alto astral deram o tom da consulta. Carlinhos honrou o divino em mim. E isso fez toda a diferença durante um atendimento nada convencional, em que as mensagens que chegaram por intermédio do meu guia espiritual foram desveladas com clareza absurda.

A massagem profunda de Carlinhos tem sim, como já tinha ouvido dizer, o dom de acessar os nossos recônditos internos, sejam eles mentais, emocionais, energéticos ou espirituais. E revelar informações sobre quem somos, quem pensamos ser, nossas crenças limitantes, nossos bloqueios e nossos potenciais. Ao massagear fortemente, da ponta do dedão do pé aos fios de cabelos, ele dialoga com os corpos energéticos que todos nós temos, sabendo ou querendo ignorá-los. Torna-se um intérprete de um mundo, por vezes, inacessível para nós.

Ele me conta que desde criança conversava com seu “amiguinho azul”, que podemos chamar de anjo da guarda ou guia espiritual. Com dez, onze anos, já gostava de benzer as pessoas. Para ele, benzer era como brincadeira de criança, apenas seguia as orientações do “amiguinho”, tipo “essa pessoa precisa de folha da mangueira”, “aqui você deve usar folha da laranjeira” e “esse é caso de usar terra”.

As orações correlacionadas também eram transmitidas pela mesma fonte ou o mesmo ser, conta ele:

“Algumas eram cantadas e só pediam para que o mal fosse retirado daquela pessoa. Quando eu chegava perto de alguém que não estava com a energia boa, eu me sentia desconfortável e passava mal. O jeito era benzê-la, porque assim eu também melhorava”, relembra Carlinhos, que nasceu e viveu em um lar católico, em Betim (MG), o que não lhe foi fácil. Seus pais não entendiam aquelas suas conversas com o plano espiritual:

“Eles se sentiam envergonhados por ter um filho esquisito, que fazia coisas estranhas às suas crenças. Do meu lado, eu também não entendia aquela situação. Achava que, igualmente, todo mundo via os espíritos como eu. Uma pessoa assim, primeiro é criticada e depois vangloriada. Nessa época, meu tio era gerente de uma escola de artes marciais e halterofilismo; e meu pai me mandou lá, para ver se eu virava homem. Fui apresentado ao kung-fu, mas desisti quando vi um chute. Também não me identifiquei com o halterofilismo. Adorei o balé. Mas meu tio disse que meu pai jamais iria gostar de seu filho de colam e sapatilha”.

 

DESCOberta INTERIOR

O que lhe salvou? “Descobri uma aula de ioga, fui lá e não parei mais. Aos 16 anos me formei como professor de ioga pelo mestre Sri Krishna kashyap. Foi o que equilibrou minha sensitividade e meu desconforto em relação a ela”, relembra o terapeuta.

A caminhada não foi fácil. Ele passou a ser exigido. Sua frequência vibratória foi mudando e quando se recusava a crescer, a se lapidar interna e externamente, vinha sofrimento. Do mesmo jeito, sempre que fazia alguma escolha errada, era duramente cobrado por seu guia espiritual, a quem consulta todo dia, sempre que necessita:

“Ele me deu um ultimato. ‘Olha aqui’, - me disse de maneira segura - ‘quando você evolui eu também evoluo. Quando você cresce, eu também cresço. O amor, em verdade, é um processo egoísta e não tem nada a ver com merecimento ou justiça. Por meio de pessoas como você, estamos ajudando muita gente em seus processos de evolução espiritual, mental e emocional’” - conta Carlinhos que resolveu acatar de vez as palavras de seu guia.

A partir daí, o terapeuta corporal, que se tornaria conhecido, leu muitos livros. Fez muitos cursos, para se capacitar tecnicamente. Trabalha como voluntário no grupo Científico Ramatis, além de fazer palestras em empresas e instituições. Mas é a intuição e a capacidade de transitar por realidades sutis e de se comunicar com mentores espirituais que dão o tom do seu trabalho. “Quando estou massageando uma pessoa, é muito difícil para mim trabalhar só com o corpo físico dela. Muitas vezes, só de tocá-la, consigo fazer uma anamnésia, levantar seu passado, suas recordações e reminiscências ocultas. Confio muito no que vejo e leio na aura das pessoas, tal como nas informações que me são passadas pelos seus respectivos mentores. São eles, no fundo, que conduzem a sessão. E eu consigo acessar seus corpos físicos, emocionais, mentais e espirituais. A entidade, que é meu guia, projeta sua energia em mim, assim como as informações do cliente, sobre sua vida, saúde, momento e as dificuldades que está passando”, revela.

 

EXPLÍCITA GRATIDÃO

Voltemos à minha massagem misturada com entrevista.

Chove lá fora. Já estou deitada de costas na maca. Uma bolsa de água quente aquece e relaxa minhas costas. A massagem começa vigorosa e profunda. Parece atingir as camadas adormecidas, bloqueadas e insuspeitas do meu corpo físico e astral. Profundas são também as mensagens que vêm como decretos, sentenças, que selam portais que teimavam em ficar entreabertos, sem mais nenhuma função de ser. Pessoas, emoções, situações das mais corriqueiras são colocadas diante de mim e acontece um processo revelador de fechamento, perdão, desapego, humildade e aceitação de minha condição de ser imperfeito. O alívio acontece junto, no corpo e na alma.

Carlinhos vai explicando: “O nosso corpo também emocional é fadado a buscar felicidade, saúde e bem-estar. Sendo assim, o que acontece para que impeçamos esse processo? Quando alguém se senta à minha frente, logo me pergunto o que essa pessoa está fazendo inconscientemente para impedir o processo natural de autorregulação de sua própria felicidade. Muitas vezes são princípios antigos, crenças, valores e preconceitos limitantes. No fundo, a dor e o desequilíbrio físico-mental são avisos de que esta pessoa não é vítima de ninguém e de nada. Sem saber, ela própria está se sabotando e impedindo seu processo de evolução. Nosso compromisso maior ali, durante a massagem, tem que ser com a felicidade e a paz. Afinal, e no fundo, isso é tudo o que o ser humano mais procura realizar nesta sua reencadernação, pra não dizer reencarnação”, finaliza Carlinhos, brincando.

A sessão vai chegando ao fim. Eu recebo um copo de água de côco. A chuva continua caindo lá fora. Aqui dentro, pássaros, riachos e um decreto de William Shakespeare sobre a sabedoria de viver, que acabo de ouvir. Minha consciência está mais presente, relaxada, feliz e em paz. As percepções nutrem todos os meus diversos corpos além da massagem física. Eles também vibram em explícita gratidão.

Namastê, Carlinhos! 

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