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Segunda, 21 de maio de 2018

“A hidroponia chegou para ficar”

Quatro perguntas para... Jorge Barcelos

Luciana Morais- redacao@revistaecologico.com.br



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Fundador e supervisor do LabHidro (UFSC), doutor em engenharia agrícola e especialista em hidroponia

Fundador e supervisor do LabHidro (UFSC), doutor em engenharia agrícola e especialista em hidroponia

Há estatísticas sobre o total de produtores hidropônicos existentes hoje no Brasil?

Não há dados concretos. Particularmente, estimo por volta de 4 mil produtores. Mas é bom lembrar que, em se tratando de cultivo hidropônico, as áreas de produção não seguem uma lógica. Muitos deles são produtores de fundo de quintal. Além disso, cinco hectares de horta hidropônica, por exemplo, já são considerados uma grande área de produção. Pensar em hidroponia é diferente de cultivo em solo.

O LabHidro se destaca por levar conhecimento para além do ambiente acadêmico. Quantas pessoas já foram capacitadas?

Se considerarmos apenas os cursos de hidroponia, já foram capacitadas 3 mil pessoas, desde 2001. Mas considero que a maior abrangência no repasse de conhecimentos tenha se dado por meio dos eventos nacionais que promovemos desde 2006. Este ano, teremos o 12º Encontro Brasileiro de Hidroponia e o 4º Simpósio Brasileiro de Hidroponia que, somando os 12 eventos, ultrapassam um total de 3 mil participantes. Tanto nos cursos quanto nos eventos nacionais são capacitados produtores, empresas (privadas e públicas) e acadêmicos (professores e pesquisadores).

Em tempos como agora, quando muito se fala em crise hídrica, quais os bons exemplos do segmento de hidroponia no que se refere à economia de água?

Considerando que a agricultura é o setor que mais usa água no planeta (70% a 75%) e que o cultivo hidropônico é sinônimo de otimização do uso da água e dos nutrientes, não restam dúvidas que tudo aponta para o futuro da agricultura. Aos poucos, os cultivos irão se transformando e surgindo novas formas de apresentação surpreendentes. O maior exemplo disso é o eucalipto: as plantas matrizes usadas para gerar novas mudas (estacas, ou seja, clones) são cultivadas na hidroponia, em canteiros suspensos utilizando areia grossa como substrato. Há ainda outros tantos exemplos, inicialmente, inimagináveis. A hidroponia chegou para ficar e para surpreender.

Qual é a filosofia do LabHidro em relação ao uso de agrotóxicos?

O LabHidro já foi criado com a ideia de não usar agrotóxicos. A própria opção pelo cultivo sem solo já segue essa linha. A hidroponia obedece a um padrão de controle ambiental e de manejo bem mais ‘real’ do que outras formas de cultivo. Essa maior possibilidade de controle permite reduzir as adversidades comuns na agricultura de campo. Com menos problemas, menor também é a necessidade de aplicação de agrotóxicos. O LabHidro tem dado exemplo de como produzir sem utilizá-los, inclusive no cultivo de morango, que seria quase impossível. Ambiente e estrutura adequados, manejo correto, uso de controle biológico e de bioestimulantes naturais são práticas comuns em nossa horta. Aliás, esse é nosso maior diferencial: não ficamos falando bonito, mandando as pessoas fazerem isso ou aquilo nem fazendo montagem prática só em dias de exposição. Pelo contrário: quebramos a cara diariamente, fazendo e aprendendo 365 dias por ano até acertar. Quando propomos, propomos porque conseguimos nós mesmos.

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