Segunda, 11 de junho de 2018

Itabirito premiada

Projeto desenvolvido pela Prefeitura Municipal é um dos vencedores da sexta edição do Prêmio FecomercioSP de Sustentabilidade

J.Sabiá e Bruno Frade - redacao@revistaecologico.com.br



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Cachoeira do Cascalho, um dos pontos ecoturísticos mais visitados da região: vocação hídrica.

Cachoeira do Cascalho, um dos pontos ecoturísticos mais visitados da região: vocação hídrica.

Dizem que é na cidade de Itabirito que realmente se vive Minas Gerais em sua totalidade. E há motivos que explicam isso. Com seus 50 mil habitantes, o município tem tudo o que faz um mineiro se sentir integralmente em casa: a religiosidade marcante, o respeito à própria história, a gastronomia reconhecida, a cultura e a arte que cativam... E, claro, a natureza exuberante. Afinal, quem não conhece as famosas cachoeiras e trilhas ecológicas da cidade, protegidas pelas suas montanhas ainda verdes?

O nome Itabirito vem do tupi-guarani e significa “pedra que risca vermelho”, em homenagem ao minério de ferro abundante na região. O principal curso d’água também leva o mesmo nome: Rio Itabirito, que nasce, atravessa seu território e deságua no Rio das Velhas.

A cidade encontra nas águas a sua “menina dos olhos”. E o reconhecimento maior de todo o trabalho que vem sendo desenvolvido para melhorar a qualidade dos recursos hídricos da cidade e da região se deu no início de maio, quando uma das iniciativas do Programa de Águas Integradas (PAI) - desenvolvido pela Prefeitura Municipal por meio das secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento-, foi um dos vencedores da sexta edição do “Prêmio FecomercioSP de Sustentabilidade” na categoria “Órgão Público”.

Trata-se do Projeto de Educação Ambiental nas Áreas Rurais de Itabirito, que visa promover a consciência ambiental de moradores e estudantes da rede municipal da zona rural. Iniciado em 2013, o projeto atende direta e indiretamente mais de 1,8 mil pessoas por meio de ações que incluem capacitação de produtores, cercamento e preservação de áreas verdes e atividades pedagógicas nas instituições rurais de ensino.

Educadores ambientais da Secretaria de Meio Ambiente estão visitando todos os domicílios da zona rural itabiritense para levar orientações sobre a preservação do meio ambiente. E o mais importante: mostram como cada cidadão é valioso para conservar os recursos naturais e garantir um futuro mais sustentável e equilibrado para todos. Também é disponibilizada à população uma cartilha com orientações sobre economia de água, reciclagem e compostagem de resíduos, além de soluções sustentáveis de tratamento de esgoto no campo, como as fossas sépticas.

“O prêmio é um reconhecimento ao trabalho sério e profissional de toda a nossa equipe em prol da preservação dos recursos hídricos da cidade. Além disso, é uma oportunidade de destacar Itabirito no cenário nacional por sua preocupação com a natureza”, ressaltou Antônio Marcos Generoso, secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, ao receber a estatueta durante solenidade na sede da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), na capital paulista.

A sexta edição do prêmio, na qual o Projeto de Educação Ambiental se destacou, teve cerca de 800 projetos inscritos. O concurso objetiva fomentar e reconhecer boas ideias e práticas sustentáveis em diversos setores que estimulam a sociedade brasileira nas ações voltadas para o equilíbrio do planeta, levando em consideração a inovação e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Águas integradas

O Projeto de Educação Ambiental nas Áreas Rurais de Itabirito é um dos pilares do Programa de Águas Integradas (PAI), que é mais abrangente. Consolidado pelo prefeito Alex Salvador por meio do Decreto nº 11763, de 2017, o programa nasceu a partir de um mapeamento detalhado da bacia hidrográfica do Rio Itabirito. O estudo foi financiado pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Velhas), por intermédio da Agência de Bacia Peixe Vivo.

“O programa é importante para controlar as pressões, os impactos ambientais locais e delimitar as áreas prioritárias para conservação e recuperação da biodiversidade na bacia. Nosso objetivo é melhorar cada vez mais a qualidade das águas e consolidar a política pública de reestruturação hídrica do município”, afirma Antônio Generoso.

A meta do programa é ousada: beneficiar todos os 50 mil habitantes das zonas urbana e rural de Itabirito. Além do Projeto de Educação Ambiental, o PAI é dividido em sete outras frentes: cercamento de áreas protegidas; recuperação da cobertura vegetal; controle e recuperação de erosão; medidas individuais de saneamento rural; capacitação de produtores rurais; pagamento por serviços ambientais; e desassoreamento dos rios.

Segundo o secretário, as ações desenvolvidas pelo programa já rendem resultados positivos para a cidade. “Eles incluem a melhoria da qualidade e da quantidade de água no Rio Itabirito durante todo o ano e a redução do impacto de enchentes na cidade. Mesmo com quantitativo similar de chuvas, desde 2013 reduzimos o consumo de água. Implantamos barraginhas, adequamos estradas rurais e 20 hectares de áreas degradadas receberão plantio de mudas nativas. Além disso, estamos trabalhando para atingir 90% de tratamento de esgoto”, completa Antônio.

O êxito do PAI também pode ser medido pela adesão crescente de proprietários rurais, que têm importância fundamental para o avanço do programa. Odilon de Lima é um deles. Em sua propriedade, de 300 hectares, ele mostra que é possível produzir com respeito à natureza: além de cavalos, cria peixes como pintado e tilápia, que são alimentados com restos de comida e cascas de frutas.

“Tenho uma nascente aqui na propriedade que é cercada pela mata e está toda protegida. Até fiz uma barraginha na parte mais alta. Também implantei uma estação de tratamento de esgoto. Todos os dejetos da fazenda vão para lá. Uma vez por mês, recolhemos e colocamos lá 20 litros de fezes de vacas. As bactérias ali presentes promovem o tratamento, que é biológico. No fim do processo, esses dejetos viram um líquido com nutrientes ricos em hidrogênio, que usamos para a plantação de mudas”, diz Odilon, que ainda tem uma horta e um viveiro de plantas no local.

A quantidade de árvores na propriedade impressiona. E transformou o lugar em um refúgio de aves, que incluem maritacas e araras. “Pedi a Deus para viver só 103 anos (risos). E, na hora em que for embora, quero que meus filhos digam: ‘Nossa! Ele deixou 300 hectares de mata verde, não dá para fazer nada mais aqui!’. Não podemos depredar a natureza. Apesar de ela saber cuidar de si mesma, temos de ajudá-la também.”

 

Fique por dentro

Objetivos do Programa de Águas Integradas (PAI) de Itabirito

Aumentar a oferta de água na Bacia do Rio Itabirito por meio da adequada alimentação do lençol freático.

Melhorar a qualidade e a quantidade de água.

Reduzir enchentes e prevenir desastres.

Conservar e recuperar as faixas marginais de proteção.

Incentivar a adoção de práticas conservacionistas de solo.

Promover o reflorestamento e aumentar a cobertura vegetal do município.

Reduzir os níveis de poluição difusa rural decorrentes dos processos de erosão e sedimentação.

Conservar, recuperar a biodiversidade e incentivar a conservação dos ecossistemas,  entendida como sua manutenção e uso sustentável.

Promover a regularização legal das propriedades rurais.

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