Terça, 05 de dezembro de 2017
Uma história de resistência
Livro “Jardins da Arara de Lear” desvenda o maior mistério da ornitologia mundial em pleno sertão brasileiro
Durante quase um ano, João e Gustavo percorreram toda a região do sertão da Bahia, onde o alemão encontrou as primeiras pistas da existência da arara-azul-de-lear.
Exímios contadores de histórias, os mineiros Gustavo Nolasco e João Marcos Rosa, ambos do coletivo NITRO, recriam, em obra lançada em setembro, a saga pela descoberta do hábitat da arara-azul-de-lear em pleno sertão baiano.
Foi lá que, em 1979, o naturalista alemão Helmut Sick (1910-1991) encontrou a espécie (Anodorhynchus leari), que viveu misteriosa por 150 anos. A história é repleta de tentativas frustradas de descoberta e expedições pelos grotões do Brasil. Nela, os autores misturam fotografia, poesia e a vivência dura de campo para relatar de forma inédita a história visual da ave, dos cientistas e, principalmente, dos sertanejos que lutam pela continuidade da vida desse animal tão brasileiro.
Durante quase um ano, João e Gustavo percorreram toda a região do sertão da Bahia, onde o alemão encontrou as primeiras pistas da existência da arara-azul-de-lear. Passaram pelos paredões e grotões da caatinga nas cidades de Jeremoabo, Euclides da Cunha e Canudos.
Percorreram também o temido Raso da Catarina, uma das áreas mais áridas do país. O fotógrafo e diretor Bruno Magalhães acompanhou a dupla durante todo o trabalho de pesquisa e vem trabalhando para transformar o projeto em um filme.
Fim do enigma
A busca pela arara-azul-de-lear era uma obsessão de Sick desde quando chegou ao Brasil, em 1940. Ele foi preso político durante a 2a Guerra Mundial. Libertado após o fim do conflito, resolveu permanecer no país e continuar a busca pela solução do “enigma”.
Já doente, Sick descobriu o hábitat da espécie que – até então só havia sido vista em cativeiro e num misterioso desenho feito em 1830, na Inglaterra, pelo ilustrador Edward Lear – na caatinga do sertão baiano.
O fim do enigma revela um misto de alegria e apreensão, já que ao se descobrir a arara, percebeu-se que ela estava “quase morta”, com apenas 21 aves e à beira da extinção.
Mas, sertaneja que é, ela resistiu!
Quem são eles?
João e Gustavo integram o coletivo de histórias visuais NITRO, que completa 15 anos de estrada em 2018. João é fotógrafo, jornalista, colaborador da National Geographic e autor de outros dois livros: "Harpia" (2010) e "Arara-azul Carajás" (2015). Gustavo é de Mariana (MG), autor de outros dois livros: "Os Chicos" (2012) e "Nossa Sala de Troféus" (2016).
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