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Segunda, 11 de junho de 2018

Icebergs

Impelidos pelas correntes marítimas, os icebergs flutuam nas águas oceânicas e são foco de monitoramento constante, a fim de evitar colisões com embarcações

Luciana Morais- redacao@revistaecologico.com.br



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BELEZA AZULADA: camadas
coloridas surgem em icebergs quando falhas no gelo são preenchidas por água

BELEZA AZULADA: camadas coloridas surgem em icebergs quando falhas no gelo são preenchidas por água

Do inglês ice (gelo) e do sueco berg (montanha), o iceberg é uma grande massa de gelo flutuante, ou encalhada, desprendida de uma geleira e formada pela acumulação de neve. Por definição, deve ter mais de cinco metros acima do nível do mar.

Tema de inúmeros estudos e pesquisas, esses gigantes gelados povoam o imaginário das pessoas em diferentes países, marcando presença inclusive no cinema, em um dos filmes mais assistidos no mundo, o emblemático Titanic. Dirigida por James Cameron, a produção foi inspirada no transatlântico – de 271 metros de comprimento, 27 metros de largura e 40 metros de altura – que naufragou, em abril de 1912, após se chocar com um iceberg, causando a morte de mais de 1.500 pessoas.

Impelidos pelas correntes marítimas, os icebergs flutuam nas águas oceânicas e, por isso, são foco de acompanhamentos permanentes, a fim de evitar colisões com embarcações. Um exemplo é a Patrulha Internacional do Gelo (IIP, na sigla em inglês), vinculada à Guarda Costeira dos Estados Unidos.

Criada após o naufrágio do Titanic, a IIP é responsável pela vigilância de uma área de mais de 1,7 milhão de km², no noroeste do Oceano Atlântico, em especial da região conhecida como “corredor de icebergs”, situada perto da província canadense de Terra Nova e formada por massas de gelo que se desprenderam da Groenlândia.

Para evitar acidentes e naufrágios, a IIP chegou a pintar icebergs de vermelho, mas a cor não se manteve neles. Tentou, ainda, fixar radioemissores e até mesmo bombardeá-los, tudo sem sucesso. Felizmente, desde 1959 não há registro de acidentes fatais envolvendo icebergs na região.

Atualmente, as equipes da IIP concentram suas atividades em ações de prevenção e alerta, com base em dados de satélites, de aviões-radares e informações repassadas por navios que singram aquela porção de mar.

 

Famosa expressão

Os icebergs são mais comuns no Oceano Atlântico e na Groenlândia, ao norte, e na Antártica, ao sul do planeta. Os com mais de 2 km de extensão são geralmente encontrados no Oceano Austral. Ocasionalmente também ocorre o desprendimento de icebergs gigantes a partir das plataformas de gelo antárticas, alguns deles ultrapassando 5 mil km2 de área.

Ao contrário do que muitos pensam, os icebergs são formados de água doce, variando em sua forma e tamanho. Podem pesar milhões de toneladas e atingir altura equivalente à de prédios de 20 andares (acima da superfície da água).

Os riscos de navegação associados a essas massas de gelo flutuantes se devem, principalmente, ao fato de não ficarem visíveis em sua totalidade. Na maioria dos casos, cerca de 90% de sua massa fica submersa. Daí o surgimento daquela conhecida expressão: “Isso é apenas a ponta do iceberg”, em alusão a problemas ou situações nos quais não se tem noção do todo ou da profundidade/complexidade de uma questão.

Quanto ao formato, os icebergs podem ser tabulares (com topo plano), mais comuns na Antártica, ou não tabulares, quando adquirem formas variadas (pontiagudos/achatados), à medida que ocorre o seu derretimento.

Conforme especialistas, é válido ainda ressaltar a diferença entre iceberg e banquisa, termo que designa qualquer área de gelo marinho (ou seja, o mar congelado), com exceção do gelo fixo à costa, não importando sua forma ou disposição.

A maior parte da água que ocupa cerca de 70% da superfície terrestre é salgada: 97%. As geleiras constituem 2% da água do planeta. Só 1% do total de água está acessível ao uso humano em rios e lagos.

Idade glacial:

intervalo de tempo na história geológica, de alguns milhões de anos de duração, marcado pelo esfriamento generalizado e múltiplos avanços (glaciais) e retrações (interglaciais) da glaciação sobre a terra emersa e oceanos.

Glaciação:

modificação da superfície  terrestre pela ação das  massas de gelo. Do ponto  de vista glaciológico e do  clima atual, refere-se à  sequência de glaciais-interglaciais iniciada há cerca de  três milhões de anos.

 

Fique por dentro

O maior iceberg já detectado tinha 90 x 210 km (18.900 km2) e se separou da plataforma de gelo Filchner-Ronn, na Antártica, em 1986. Um pedaço desse iceberg chegou à costa do Uruguai, em 1992.

Em julho do ano passado, uma massa de gelo equivalente ao tamanho do Distrito Federal se desprendeu da Antártica. Batizado de A-68, esse iceberg de mais de 5 mil km2 integrava a Larsen C, uma das maiores plataformas de gelo flutuante, que totaliza 50 mil km².

Cientistas acreditam que a liberação do A-68 pode desencadear um efeito cascata e acelerar o colapso da Larsen C, conduzindo-a ao mesmo destino das Larsen A e B, que se desintegraram em 1995 e 2002, respectivamente. A previsão é que desapareçam por completo até o fim desta década.

De acordo com o Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, as regiões polares têm sido as mais afetadas pelo aquecimento global. As temperaturas no Ártico têm se elevado mais rapidamente e a tendência é que a espessura da camada de gelo nas zonas polares seja substancialmente reduzida até 2100.

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