Quinta, 05 de julho de 2018

Infraero, 45 anos. Pampulha, o sonho que não acaba

Sob o comando do mineiro Antonio Claret de Oliveira, Infraero completa 45 anos com a esperança de trazer de volta o Aeroporto da Pampulha



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O aeroporto que leva o nome do poeta maior do Brasil: à espera da retomada consorciada de voos. Foto: Rodrigo Lima

O aeroporto que leva o nome do poeta maior do Brasil: à espera da retomada consorciada de voos. Foto: Rodrigo Lima

Os últimos dois anos foram de muito trabalho para a Infraero, empresa pública nacional que se encontra entre as três maiores operadoras aeroportuárias do mundo e, desde 1973, comanda 54 aeroportos espalhados pelo Brasil. Com a implantação da política de concessão de grandes aeroportos, a estatal havia perdido 53% de suas receitas. E ainda precisou arcar com investimentos para ampliar e modernizar alguns de seus terminais.

O resultado disso foi uma série de prejuízos que a deixaram numa situação delicada por cerca de quatro anos consecutivos. Foi diante desse cenário que Antonio Claret assumiu a presidência, há exatos dois anos. Um novo e grande desafio para quem havia trabalhado a vida inteira na iniciativa privada.

O desafio foi aceito. E não demorou muito para que algumas de suas iniciativas corajosas passassem a merecer destaques positivos como, por exemplo, a redução de custos com os programas de demissão voluntária. Isso ajudou a empresa a sair de um patamar de 14 mil funcionários para os atuais oito mil. Outro exemplo foi a reestruturação, inclusive, da alta gestão administrativa da empresa, com o corte de 213 cargos e funções de chefia, enxugamento das funções de assessoramento e a extinção de três diretorias, além da desativação de sete centros de suporte, corte de contratos com empresas de transporte particular e corte de funções comissionadas.

Tudo isso, sem contar os estudos para a revisão do modelo estratégico do setor, visando ao aumento da sua competitividade operacional e financeira. Com alguma dessas medidas, até então inéditas, a Infraero conseguiu melhorar significativamente seu resultado operacional, tendo ultrapassado todas as metas estabelecidas.

 

O bolo e a cereja

“Saimos de um resultado negativo em 2016, de R$ 120,6 milhões, para o positivo, em 2017, de R$ 501,1 milhões. Soma-se a isso o resultado comercial, que ficou acima de R$ 1,2 bilhão. A expectativa para 2018 continua na mesma direção. A nossa meta é fecharmos o ano com R$ 472 milhões positivos”, afirma Claret.

Logo que tomou posse, ele e sua equipe fizeram um diagnóstico detalhado de como a empresa e suas consultorias funcionavam, incluindo outras prestações de serviços. “Graças a isso, já com um prognóstico em mãos, pudemos implantar um tipo de planejamento que começasse a nos garantir autossustentabilidade financeira. Saber o que acontece nas melhores e mais rentáveis empresas de gestão aeroportuária internacional e buscar, assim, o benchmarking à altura.”

Esta é a explicação de a Infraero ostentar, atualmente, a sua emergente condição de terceira maior operadora do mundo.

“Precisamos garantir que, graças a uma rede de aeroportos altamente rentáveis, o Brasil tenha condições de dar sustentabilidade financeira àqueles terminais menores, de modo que também sejam autossuficientes no futuro.”

Uma das maiores batalhas que o executivo teve de enfrentar foi a remoção do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, mesmo sendo o segundo terminal mais movimentado do país, do plano de privatização do governo: “A Infraero pode ser uma empresa viável sem Congonhas”, contemporiza Claret. “Mas é a cereja do bolo para qualquer investidor interessado.”

 

Nas Asas da Panair?

 

“Saudade dói”, como cantava Elis Regina na canção “Conversando no Bar”, de Fernando Brant e Milton Nascimento. Saudade não dói quando ela vira realidade novamente. É o caso de Belo Horizonte, mais precisamente do memorável Aeroporto da Pampulha, que continua nos planos da Infraero de voltar a operá-lo ainda este ano, em consórcio plenamente possível com a BH Air Port.

Em lugar algum no mundo da aviação há a notícia de que um só aeroporto (Internacional de Confins, nosso caso) é melhor que dois. A volta de voos de grande porte no Aeroporto da Pampulha continua suspensa por uma liminar do Tribunal de Contas da União. A decisão, lembra o presidente da Infraero, foi tomada no final de janeiro e tem efeito até que o mérito da representação, que pede a revogação definitiva da portaria pró-reabertura do terminal, seja julgado pela corte.

Antonio Claret lembra que o esvaziamento do tráfego aéreo na Pampulha gerou um prejuízo líquido de R$ 29,8 milhões para a Infraero, em 2016. Em 2005, o terminal “mais querido pela população mineira” batia recordes de movimentação de passageiros, com mais de três milhões de embarques e desembarques. Onze anos depois, esse número caiu para 300 mil: “A nossa estimativa é que, com a retomada dos voos, haja um aumento de R$ 22 milhões por ano nas receitas. Já a previsão de lucro é de R$ 3 milhões anuais. Ou seja, o outro nome desse desafio se chama justiça social e sustentabilidade econômico-financeira. Com Confins e Pampulha atuando de maneira complementar, todos nós podemos ganhar e melhorar. E não apenas um terminal”.

Segundo ele, a volta das operações no Aeroporto da Pampulha seria um grande passo para o desenvolvimento tanto do estado quanto o da capital: “Dois aeroportos em pleno funcionamento resgataria para muito mais e melhor o que a Pampulha já foi em prestação de serviços, conforto e mobilidade, e em nada prejudicaria Confins”.

Pelo contrário, na opinião de Claret, a ampliação da exploração do terminal da capital, ancorado como opção e melhor atendimento aos passageiros regionais do Estado, terá um papel complementar ao aeroporto de grande porte. “Confins possui maior capacidade para operar como um hub de conexões. Ele atende a demanda doméstica e internacional, atraindo passageiros além da Região Metropolitana de BH, devido à sua alta conectividade e capacidade operacional superior. Daí não termos dúvidas em nossa avaliação. O Aeroporto da Pampulha está preparado para acompanhar o crescimento da Infraero. Ele é de fundamental e estratégica importância para os mineiros e belo-horizontinos que somos.”

 

Competência não falta

Em maio último, lembrou o presidente da estatal, a empresa alcançou o nível máximo no Indicador de Governança das Estatais (IG-Sest), que demonstra o nível de qualidade administrativa-operacional. Ele varia de quatro, menor resultado, ao nível um, de melhor resultado. Na avaliação anterior, a Infraero obteve o nível três. Foram mais de 35 ações implantadas de novembro de 2017 a fevereiro de 2018 para que a empresa conseguisse, enfim, a maior evolução entre todas as demais estatais avaliadas, resultando este seu “destaque” atual.

Diante desse novo cenário, a Infraero confirma a busca incansável por mais benchmarkings internacionais e parceiros privados, de modo a encontrar uma saída sustentável para o setor: “Nosso objetivo maior, como uma nova Infraero, é sermos um braço público dentro do propósito de garantirmos a integração nacional por meio do subsídio cruzado. Uma nova empresa, sólida, respeitada e de fundamental importância para interiorização do desenvolvimento sustentável e integrado de todas as localidades em que haja um aeroporto nosso” – concluiu Claret.

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