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Segunda, 06 de novembro de 2017

Por quem as lágrimas rolam?

Hiram Firmino - hiram@souecologico.com



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GISELE BÜNDCHEN: o porquê e o como que reacenderam o movimento ambientalista mundial

GISELE BÜNDCHEN: o porquê e o como que reacenderam o movimento ambientalista mundial

É a pergunta que continua no ar, desde o controvertido debate sobre a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) no coração da Amazônia até o Rock In Rio mais ambientalista de toda a sua história, passando pela Exposição Internacional de Mineração (Exposibram) e pelo Congresso Brasileiro de Mineração na capital – não à toa – das Minas Gerais.

Mas, por quem exatamente as lágrimas da top model Gisele Bündchen rolaram, senão pelo desenvolvimento sustentável e o amor à natureza que nos protege e mantém a vida sobre todo o planeta, muito além da Amazônia?

É o que a Revista Ecológico, também tocada pelo choro verde da bela, continua discutindo nesta edição. A começar pela entrevista do coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, Marcio Astrini, nas “Páginas Verdes”. Ele revela, com precisão, onde estão “escondidos” os destruidores da última grande floresta tropical úmida da Terra. Não mais erroneamente o “pulmão do mundo”, mas, a ciência comprova, o “grande refrigerador” natural que regula o clima do planeta. Para melhor ou para pior, só depende da nossa capacidade e ignorância de continuar a devastação. Da nossa falta de sentir, do nosso desamor.

Vejam também, caros leitores e internautas, na cobertura do maior evento sobre mineração na América Latina, quase dois anos após a tragédia de Mariana, como o setor que tanto destrói a natureza quanto a preserva investe na sua ecologização e nem sabe comunicar isso à opinião pública. Não por ausência de conhecimento técnico e poder econômico. Mas por falta do sentimento de pertencimento, gratidão e amor mesmo, no seu sentido maior, à natureza que lhe dá, incondicionalmente, as suas montanhas, nascentes e florestas para serem exploradas.

E por isso mesmo, ao contrário do agronegócio, cujo homem do campo trabalha mais próximo da natureza – a respeita e sente mais a sua falta –, acabou provocando um novo fenômeno de comunicação global, vide a reação dos artistas no episódio da Renca. Fez reacender, como nunca e em novos rostos, o movimento ambientalista mundial.

Mostrou que a causa ambiental não é mais reserva de mercado nem luta ideológica tão somente das ONGs ambientais, incluindo a imprensa verde, na qual a Ecológico se insere.

Hoje, graças à tecnologia da informação, qualquer cidadão do mundo, desde que munido de um celular nas mãos, é também jornalista, repórter e fotógrafo. E cumpre, de maneira nunca vista e multiplicadora nas redes sociais, o papel de denunciar e contribuir para um mundo e uma humanidade mais sábios, amorosos e com qualidade de vida.

Nem tudo, enfim, está perdido. Pelo contrário, como encerramos nesta edição da Ecológico, o mesmo e mais frio ser humano, incapaz de se comover ao cortar quilômetros de florestas, secar uma nascente ou ainda jogar lixo pela janela de seu carro, é capaz de fazer exatamente o contrário. Sentir e amar o próximo, desde um índio sem floresta até o barranqueiro sem água do São Francisco, muito além de todo choro e lágrimas de Gisele.

Quem nos lembra disso, dessa nossa desumanidade e humanidade ainda possível e  ustentável, em “Memória Iluminada”, é o psiquiatra Viktor Frankl, autor do livro “Em Busca do Sentido”.

Indagado sobre o propósito da vida, após ter passado mais de três anos no campo de concentração de Auschwitz, Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, ele responde e a Ecológico também acredita: “Quem tem um porquê enfrenta qualquer como”.

É o que a mineração, o agronegócio e outros setores têm de descobrir, praticar e comunicar. Sem choro nem vela. Mas com respeito, esperança e amor à natureza, em nome da nossa sobrevivência comum.

Boa leitura!

Até a Lua Cheia de novembro.

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